À partida para o derradeiro dia de prova, a liderança do Rally da Turquia parecia estar forte nas mãos de Thierrey Neuville, que contava com 33,2 segundos de margem sobre os rivais mais diretos, enquanto Elfyn Evans era quarto, a pouco mais de um minuto da frente.
Contudo, este domingo assistiu-se à concretização de um velho ditado de qualquer desporto: não há vencedores antecipados.
O belga começou o dia com muito azar, vendo-se forçado a parar para trocar um pneu. Um contratempo que anulou por completo os mais de 30 segundos de vantagem que tinha e que acrescentou ainda mais de um minuto de atraso. No final da primeira passagem por Çetibeli, a especial mais longa da prova com 38,15 km, o piloto da Hyundai acabou por perder 1:48,5s para Evans, o que se traduziu numa queda para a terceira posição da geral, a 47,7s da frente.
Neuville ainda fez tudo o que estava ao seu alcance, levando de vencida as restantes três classificativas propostas para este domingo, mas tal não bastou e o belga teve de se resignar com o segundo lugar do pódio, a 35,2s do britânico.
Quem passou incólume por tudo e todos foi, precisamente, Evans. O britânico, que arrancou para a primeira especial do dia em quarto da geral, levou a cabo uma prestação brilhante para assinar o melhor tempo nos primeiros quase 40 km cronometrados do dia e, com isso, saltar diretamente para a liderança da prova. Um feito para o qual contribuíram também as prestações mais fracas dos dois Sébastien; Ogier foi segundo nesse troço, mas perdeu mais de 45 segundos, enquanto Loeb foi quinto, cedendo 1:20m.
Com uma dilatada vantagem de mais de 46 segundos para o resto do pelotão, o piloto da Toyota tratou de gerir o tempo com o objetivo de assinar nova vitória. Uma estratégia que se revelou acertada, com Evans a levar de vencida o Rally da Turquia e a garantir a terceira vitória da carreira e a segunda do ano (a primeira foi na Suécia).
Enquanto isso, Loeb (Hyundai) recuperou de um furo na primeira especial do dia para terminar no mais baixo do pódio, algo que não fazia desde o Chile no ano passado. Contudo, o resultado foi altamente facilitado pela desistência de Ogier devido a problemas de motor no seu Toyota.
Atrás do gaulês, mas já a mais de minuto e meio de distância, terminou a jovem estrela da Toyota, Kalle Rovanperä, que voltou a apresentar uma boa prestação.
A fechar o Top 5 ficou Gus Greensmith (Ford), que levou a cabo uma jornada muito modesta e onde o terceiro lugar conseguido na primeira classificativa do dia foi crucial para o desfecho, já que saltou do oitavo lugar em que partiu para, na altura, o sexto. A subida a quinto, tal como com Loeb, surgiu após a desistência de Ogier.
Um desfecho absolutamente inesperado que mudou muita coisa na frente da geral do Campeonato do Mundo, que agora tem Evans na frente com 97 pontos, seguido de Ogier (79) e com o Campeão do Mundo Ott Tänak (que partiu a direção do Hyundai na SS3) e Kalle Rovanperä empatados com 70 pontos.