Do karting à Fórmula 1, passando pela Indy Lights, os Superturismo e os GT de Le Mans, Pedro Matos Chaves dedicou os últimos anos da longa e bem-sucedida carreira aos ralis, primeiro como piloto oficial da Toyota e depois da Renault. Mas o "bichinho" da competição ainda não relegou o ex-bicampeão nacional de ralis para o conforto do sofá, como o prova a participação no recente Safari Classic Rally, numa Renault 4 L.
Apaixonado pelo desporto automóvel desde sempre, o consagrado piloto portuense não deixou de marcar presença no Vodafone Rally de Portugal, para ver o espetáculo dos melhores pilotos do mundo, mas também para conhecer os novos híbridos do WRC… “uns carros fantásticos”, como sublinha de imediato.
“Estes WRC Rally1 têm uma suspensão fantástica. Caem de qualquer maneira após os saltos e não acontece nada. As suspensões compensam tudo.” E por isso, “não há grande distinções entre os pilotos. Eles guiam sempre no limite e são todos de primeira água. Guiam estes carros como devem ser guiados, todos! Antigamente, ainda se conseguia diferenciar uns dos outros, mas agora, eles são muito idênticos.”
A condução apurada é apenas o resultado das condições de que dispõem para reconhecer os troços e complementarem o trabalho efetuado nos treinos privados.
“Os vídeos que utilizam nos treinos e nos reconhecimentos são uma ajuda fundamental, porque vêem e revêem as classificativas até à exaustão e os erros que possam existir não fazem parte do percurso. Eles podem acontecer, mas é muito pouco provável”.
De resto, os mais novos, como Kalle Rovanpera, vencedor desta edição do Vodafone Rally de Portugal, é, para Pedro Matos Chaves… “um piloto feito desde o momento em que nasceu. Ele começou a guiar aos 8 anos, quase como eu, só que enquanto eu brincava com o carro e mostrava à minha mãe que sabia guiar, ele já andava a acelerar no gelo e a contrabrecar! Ele está destinado a ser um vencedor e em termos psicológicos tem uma cabeça muito forte, pois até mesmo o facto de ser o primeiro na estrada, que teoricamente o iria penalizar, nada o afeta. Aguenta-se ‘à bronca’ e continua como se nada se passasse. Acho que vamos ouvir falar muito dele, assim o Mundial de ralis continue por muitos e longos anos.”
Quanto ao Vodafone Rally de Portugal, que acompanhou mais uma vez, agora do lado de fora, depois de várias vezes, do lado de dentro, Pedro Matos Chaves não tem dúvidas: “O rali continua a ter uma estrutura que agrada a todos os pilotos e até aos espectadores. Os troços na zona Centro e Norte do país são muito bonitos e com um desafio para as equipas bastante grande. Já os troços de Fafe são uma pista de velocidade autêntica em que os pilotos quase podem dispensar os navegadores e no que diz respeito à prova deste ano, só tenho a aplaudir a decisão do Latvala, enquanto diretor da equipa Toyota, em não dar ordens de equipa e deixar que os pilotos resolvessem as coisas da forma mais desportiva possível. Foi muito bom.”